O Columba-Livia, também conhecido como pombo-comum, é uma espécie de ave da família Columbida que na maioria das vezes se reúne em “bandos”. Na capital baiana, essas aves podem ser encontradas com mais freqüência do que se imagina: áreas como o Dois de Julho, Centro Histórico, Ribeira, Campo Grande, Canela, Graça, Cajazeiras, Stella Mares, Itapuã e, principalmente, Comércio, são pontos de encontro de bandos de pombos.

O biólogo do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Fabiano Simões, revelou em entrevista ao Varela Notícias, que os pombos se adaptaram as grandes cidades urbanas por três razões básicas. Primeiro, pela grande disponibilidade de abrigos; segundo, pela falta de predadores naturais; e o terceiro e mais importante, a farta de oferta de alimentos a essas aves. “Uma grande quantidade de lixo espalhada pela cidade também serve de alimento para os pombos, pois eles não são aves seletivas. Os pombos preferem se aglomerar onde há uma proliferação de pessoas que ofertem comida a eles. A orientação do CCZ, para evitar a proliferação, é de não alimentar as aves”, advertiu.

Esses animais que parecem simpáticos e indefesos podem ser altamente perigosos — e o contato com essas aves pode trazer riscos para a saúde humana. “O principal problema de risco a saúde das pessoas, não está com o contato direto com o pombo em si. Está na aglomeração desses pombos e no acumulo de fezes desses animais. Como a ave tem um estômago muito curto, ela come e defeca. Assim, nos lugares onde há aglomeração de pombos, há também aglomeração de fezes”, revelou o biólogo.

De acordo com o infectologista do Hapvida, Dr. Fernando Hernandez, os pombos podem ser portadores de vírus, parasitas, e também bactérias. “As pessoas podem adquirir as doenças que os pombos transmitem por via respiratória, por contato direto com as fezes dos pombos, ou até mesmo através de uma simples picada de mosquito”, explica.

Hernandez também alerta a população que inala as fezes dos pombos diariamente, muitas vezes de forma despercebida. “Quando as fezes ficam ressecadas, secas, esses fungos podem vaporizar e a pessoa que trabalha ou passa próxima da área, inala os fungos. A toxoplasmose é um mecanismo similar das fezes de alguns mamíferos, que pessoas podem adquirir de forma inalatória. A salmonelose pode ocorrer no contato direto com as fezes e os fungos. O aconselhável para quem trabalha em contato com essas aves é a utilização de luvas e máscaras, para não inalar essas partículas”, destaca o infectologista.

Salmonella Enterica, bactéria causadora de salmonelose – Foto: Reprodução / Brasil Escola

A histoplasmose, criptococose, clamidiose, ornitose, e meningite também são doenças causadas pelos pombos, além de micoses e problemas respiratórios graves. Essas doenças podem apresentar sintomas comuns e variados, de febre a problemas na respiração, e quem está com o sistema imunológico vulnerável pode chegar a óbito.

Simões também contou que uma solução a curto prazo, dependendo do tamanho da proliferação das aves, é colocar barreiras físicas, para impedir o acesso e higienizar corretamente as fezes desses animais. “A principal orientação é na limpeza correta dessas fezes. Porque, se a pessoa limpar somente passando uma vassoura, ou passar um pano sem umedecer, existe o risco dos fungos serem inalados”, contou o biólogo.

“Podemos conviver com os pombos tranquilamente. A orientação é somente não alimentá-los”, amenizou.

Para quem quer denunciar ou saber como proceder em caso de infestação, existe o telefone do canal ‘Fala Salvador, número 156, que disponibiliza uma equipe do CCZ composta por técnicos ou agentes e vai até o local para oferecer orientações.

site da Secretaria Municipal de Saúde também dispõe serviços de avaliação ambiental do local para identificar os fatores que estão favorecendo a permanência e proliferação dos pombos, no prazo de 20 dias úteis, sem taxas.