A influenciadora Mariana Ferrer concluiu o curso de Direito e surpreendeu ao apresentar seu próprio caso no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O projeto, aprovado com nota máxima, foi inspirado numa denúncia de agressão sexual registrada por ela em 2018.
Segundo o portal Leo Dias, Mariana escreveu uma monografia com o tema: “Estupro simbolicamente como crime de guerra à luz do caso Mariana Ferrer: o legado no avanço ao direito das vítimas e seu impacto na sociedade”. Em entrevista ao portal, ela deu detalhes sobre a escolha temática.
“É como se eu estivesse sufocada e escrever me desse fôlego novamente. Já a pesquisa realizada foi enriquecedora, pude me aproximar de doutrinas, jurisprudências e artigos que engrandeceram a minha bagagem acadêmica. O difícil foi de fato finalizar a minha monografia, corrigindo e analisando possíveis erros gramaticais e de formatação. A necessidade em estar relendo por inúmeras vezes trechos doídos e aterrorizantes mas necessários, me fez adoecer”, desabafou ela.
Mariana relembrou também o diagnóstico que recebeu de psiquiatras. “Esses profissionais me falaram que os sintomas apresentados, comuns na grande maioria das vítimas de estupro, são comparáveis aos vivenciados por militares que retornam de cenários de guerra. As sequelas não se limitam à esfera emocional da vítima, mas também se manifestam fisicamente, ultrapassando o emocional da sobrevivente”, afirmou ela.
A influenciadora falou ainda sobre o desafio do cumprimento da Lei Mariana Ferrer, a Lei 14.245/21. “Mais do que cumprir um protocolo, trata-se de reconhecer a vítima em sua integralidade, resguardando sua dignidade e garantindo que seja tratada com respeito desde o primeiro atendimento. A formação e a capacitação de profissionais para lidar com denúncias de crimes sexuais é outro ponto sensível, já que, a justiça precisa ser instrumento de reparação e não de revitimização”, esclareceu ela e denunciou a formação inadequada de profissionais.
Por fim, ela destacou o ato de coragem que é a denúncia e deixou um recado importante para outras mulheres.
“Se eu pudesse olhar nos olhos de cada vítima que viveu, ou ainda vive, o horror da violência, diria antes de tudo: a sua verdade é suficiente. Nós não precisamos da validação do Estado nem do silêncio cúmplice dos processos para saber o que nos atravessou. Não buscamos a confirmação de delegados, juízes, instituições. O que queremos, com a profundidade de quem teve a alma arrancada, é justiça, é que aquele que agrediu responda pelo que fez, sendo devidamente condenado. Isso não devolve o ontem, mas planta sementes para que amanhã seja menos cruel para quem vier depois de nós. E se você ainda está aqui, lendo estas linhas, viva, mesmo que sangrando, isso é resistência”, declarou Ferrer.