Três pacientes canadenses recuperaram a visão após passarem por um osteo-odonto-queratoprótese, cirurgia rara no qual se implanta um dente no olho. O procedimento foi feito em um hospital de Vancouver, Mount Saint Joseph, pelo médico australiano Greg Moloney e virou notícia recentemente.
O que é a cirurgia?
A técnica inventada em 1960 pelo oftalmologista italiano Benedetto Strampelli, foi aprimorada nos anos 2000 por um grupo de cirurgiões italianos e austríacos e teve seu protocolo padrão publicado em 2005, na revista Cornea.
Recomendada para pacientes que possuem o fundo de olho saudável, mas que sofreram forte dano na córnea, trata-se de uma cirurgia no qual os médicos utilizam o dente como uma forma de restaurar a “janela” para o fundo de olho e segurar a lente nova.
A técnica é a opção mais eficaz para pessoas que não tiveram sucesso em transplantes de córnea ou não podem passar pelo procedimento por outros problemas de saúde. Além disso, a cirurgia é ideal para quem é cego dos dois olhos, mas ainda têm nervo ótico e retina (o tecido do fundo de olho) saudáveis. O dente serve como suporte para uma nova lente artificial —e o corpo não o rejeita por ser um tecido do próprio paciente.
“É um tecido de ponte entre o corpo e a lente plástica que foca a luz”, explicou o médico ao programa. “É como plantar um cacto no deserto. Esta coisa vai sobreviver e vai crescer”, explicou o médico em um programa The Today Show, da rede americana NBC.
Como é feito o procedimento
Na primeira etapa, um canino superior é removido da boca;
Depois o dente é serrado e polido com uma broca até que se torne plano e retangular;
O canino então é implantado em uma “bolsa de gordura”, dentro da bochecha do paciente;
Após ficar guardado para produção de tecido, o tecido formado ao redor do dente durante seu “descanso” na bochecha é utilizado para costurar o dente dentro do olho do paciente;
Então o dente é retirado da bochecha, recebe a lente e é costurado ao olho em uma segunda visita ao centro cirúrgico.
O procedimento do “dente-no-olho só é adotado quando pacientes não respondem ao transplante de córnea. O médico Greg Moloney estima que apenas algumas centenas tenham sido realizadas nos últimos 65 anos. Cerca de 90% das pessoas que passaram pela cirurgia do “dente-no-olho” têm lentes funcionais e firmes, no mesmo local, após 30 anos.
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