Empresa sem registro para área médica teria recebido R$ 47 mil por fornecimento de materiais cirúrgicos ao Hospital das Clínicas

A reportagem do BNews teve acesso à denúncia que aponta possível contratação irregular no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES/UFBA). Os documentos anexados, incluindo notas fiscais e manifestações internas, indicam que a empresa Antonio Flavio Dantas Cardial teria recebido cerca de R$ 47 mil por serviços de instrumentação cirúrgica cardíaca e neurológica, apesar de parecer preliminar do próprio hospital que a classificava como inabilitada para o serviço.

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O processo SEI 23534.014614/2025-11, que analisou o Termo de Referência para o período de 1º a 31 de agosto, registrou que a contratada não atendia integralmente às exigências técnicas previstas. O setor de Administração do HUPES afirmou, no documento, que a documentação apresentada “não cumpria os requisitos” estabelecidos.

Mesmo assim, a empresa emitiu notas fiscais à EBSERH/HUPES, às quais o BNews também teve acesso. O montante total ultrapassa R$ 47 mil. No cadastro da Receita Federal, a atividade principal da empresa está relacionada à representação comercial de produtos alimentícios, bebidas e fumo — sem ligação com a área de instrumentação cirúrgica. As demais atividades registradas no CNPJ também não possuem correlação direta com o serviço contratado.

A denúncia sustenta que o caso configura indício de contratação sem respaldo técnico e possível dispensa irregular de licitação. A representação solicita apuração completa, com análise dos pagamentos, justificativas administrativas e dos critérios adotados para a execução do serviço, apesar da inabilitação registrada no próprio processo.

A reportagem do Bnews entrou em contato com a assessoria de comunicação do HUPES e a EBSERH, mas ainda não recebeu um posicionamento. A matéria será atualizada em caso de pronunciamento. O Ministério Público Federal (MPF) também foi procurado para se manifestar sobre a denúncia oficialmente registrada junto à Procuradora da República e aguarda retorno.

Com disputa acirrada, eleição da nova diretoria do Hospital das Clínicas acontece no próximo dia 11

A comunidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia (HUPES/COM-HUPES) se prepara para a escolha da nova diretoria que comandará a instituição entre 2026 e 2030. A consulta interna, marcada para os dias 10 e 11 de dezembro, mobiliza docentes, técnicos-administrativos e estudantes, em um cenário considerado um dos mais competitivos dos últimos anos.

A votação será presencial, seguindo o formato adotado nas unidades acadêmicas da UFBA, com participação de TAEs, professores e discentes. O resultado indicará o nome a ser encaminhado à Reitoria da UFBA e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), responsável pela gestão financeira do complexo. A apuração terá início às 20h do dia 11, com divulgação prevista ainda na mesma noite.

Duas chapas concorrem ao comando da unidade. A Chapa 1 é composta pelo médico anestesista José Admirço Lima Filho, candidato a diretor, e pela professora Tereza Deiró, que disputa o cargo de vice-diretora. Já a Chapa 2, formada pelo médico e professor José Valber Meneses e pela enfermeira Carolina Calixto, tenta a reeleição para o quadriênio 2026–2030.

Liminar na Justiça pode definir eleição

A eleição para a diretoria do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), conhecido como Hospital das Clínicas da UFBA, sofreu intervenção judicial a menos de uma semana da votação. Segundo informações obtidas pela reportagem do BNews, uma liminar concedida pela Justiça Federal suspendeu, de forma provisória, a participação da Chapa 2, que tenta a reeleição para o quadriênio 2026–2030.

A decisão foi assinada pelo juiz Alex Schramm de Rocha, da 7ª Vara Cível Federal, na sexta-feira (5), mas o processo está sob sigilo. Ainda assim, até o momento, a consulta interna marcada para os dias 10 e 11 de dezembro segue mantida, com possibilidade de ocorrer com apenas uma chapa autorizada a disputar.

O questionamento partiu da Chapa 1, que alegou irregularidade na candidatura de Carolina Calixto, vice da chapa concorrente. De acordo com o entendimento judicial, sua participação viola norma interna da Universidade Federal da Bahia, que veda candidatura de servidores cedidos ou em exercício funcional externo. Embora Carolina tenha vínculo com a UFBA, ela está atualmente cedida à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), responsável pela gestão financeira do complexo.