Enfermeira blogueira denuncia personal por assédio em Salvador

A enfermeira e blogueira Maria Emília Barbosa tornou público nas redes sociais, nesta terça-feira (25), que foi vítima de assédio sexual durante atendimentos com um personal trainer ‘badalado’ em academias e com influenciadores em Salvador. A revelação surgiu após ela procurar o profissional no início do ano, por indicação de uma amiga, quando fechou um plano de treinos e uma parceria de divulgação.

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Na legenda do vídeo, ela escreveu: “Ligue 180”. A data marcou o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.

Segundo ela, a primeira avaliação física aconteceu em 31 de janeiro. Na ocasião, o personal teria exigido que o procedimento fosse feito de biquíni, sob a justificativa de que aquela etapa seria obrigatória.

“Ele pediu que eu fizesse algumas posições de biquíni e eu fiquei extremamente desconfortável, mas até então eu naturalizei porque eu não conhecia o procedimento e eu achei que fazia parte do exame. […] Ele disse que estava muito tensa e que ia fazer uma liberação miofascial e, a todo tempo, ele chegava muito perto da minha parte íntima. Eu ainda achei estranho, congelei, mas não reclamei”, relatou.

Órgão genital

Mesmo sem compreender totalmente o que havia ocorrido naquele dia, ela seguiu com o plano de treinos e retornou um mês depois para a segunda avaliação, que, segundo contou, ocorreu sem nenhuma situação semelhante. No encontro seguinte, porém, ela decidiu usar roupa de academia em vez do biquíni, mas o personal teria voltado a insistir no traje.

“Ao chegar lá, ele perguntou se eu não li as orientações porque era obrigatório, eu falei que me senti muito desconfortável na primeira e queria fazer com roupa de academia. Ele falou que era impossível, e solicitou que eu ficasse de calcinha e sutiã, eu ainda hesitei e ele perguntou se eu não confiava no profissionalismo dele, eu confiei e fiquei”, disse.

Ainda durante essa terceira sessão, de acordo com a enfermeira, o comportamento do personal se intensificou e ela percebeu condutas mais invasivas:

“Dessa vez, ele chegou muito perto […] a minha reação foi apenas dar um tapa na mão dele e pedi que parasse.”

Emília afirmou que saiu do local imediatamente e buscou apoio de pessoas próximas, que a alertaram sobre possíveis relatos semelhantes envolvendo o mesmo profissional. A partir disso, segundo ela, procurou orientação jurídica e registrou a denúncia criminal.

“Só quando essa pessoa se afastou de mim que realmente a ficha caiu do que tinha acontecido e eu consegui agir. Porque durante todos os procedimentos, eu congelei. Eu não sabia o que fazer e depois eu naturalizei aquilo por se tratar de um profissional, só que a todo momento, por ter congelado, eu me senti culpada. […] Meu pedido é que, se você passou por isso, denuncie. Sozinha eu não consigo, sozinha ninguém consegue. […] Pessoas como essa não podem ficar impunes.”, declarou.