A escassez de policiais pode ter ajudado uma facção criminosa a expulsar cerca de 2 mil pessoas de suas casas no distrito de Uiraponga, em Morada Nova, no Ceará.
Na sede do município, que tem 60 mil habitantes (metade deles na área central), só há seis policiais militares trabalhando o tempo todo e uma única viatura em funcionamento.
No distrito de Uiraponga, uma segunda viatura fica parada na antiga escola municipal, com três homens.
Desde a expulsão dos moradores por ordem da facção, a escola não abre mais. Atualmente só cinco famílias continuam no local.
Mesmo após a expulsão, a Polícia Militar do Ceará, comandada pelo governador Elmano de Freitas (PT), não aumentou o número de policiais em Morada Nova.
A única viatura da sede é compartilhada pelos seis policiais, que se dividem em duas equipes de três homens cada. A cidade também não ganhou viaturas extras.
A Polícia Militar de Morada Nova tem outras quatro viaturas, mas elas estão quebradas há meses em uma oficina em Quixadá (CE), cidade vizinha. São utilitários esportivos (SUVs) e caminhonetes.
Segundo informações do Metrópoles, a PM-CE informou que o policiamento da cidade recebe o reforço pontual do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRAIO) e do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI). Policiais desses dois grupos vão a Morada Nova “em dias e horários estratégicos”.
Já a Secretaria de Segurança do Ceará disse, em nota, que a 3ª Companhia do 9º Batalhão de Polícia Militar do Ceará, que é sediada em Morada Nova, tem um efetivo de 81 policiais “responsáveis pelo policiamento da sede do município e seus distritos”.
A coluna apurou, no entanto, que a 3ª Companhia mencionada pela nota é responsável por outras localidades da área além de Morada Nova, como Ibicuitinga e Jaguaretama, entre outras.
Os moradores foram expulsos por ordem do traficante José Witals da Silva Nazário, o “Playboy”, em julho deste ano. Como mostrou a coluna, Witals foi inocentado pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) da acusação de integrar facção criminosa. A decisão é de setembro de 2024.



