Jovem morto por leoa é enterrado com presença de duas pessoas

Foi enterrado na tarde desta segunda-feira (1º), no Cemitério do Cristo, em João Pessoa, o corpo de Gerson de Melo Machado, 19 anos, conhecido como “Vaqueirinho”. Apenas a mãe e uma prima acompanharam o sepultamento. O jovem morreu no domingo (30) após invadir o recinto de leões no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, e ser atacado pela leoa Leona.

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Segundo informações da prefeitura da Paraíba e da Polícia Militar, Gerson escalou uma parede de mais de seis metros, ultrapassou as grades de segurança e usou uma árvore para acessar a área do animal sem ser visto.

Imagens registradas por visitantes mostram o momento da invasão e do ataque. O laudo inicial aponta choque hemorrágico e lesões causadas por mordidas no pescoço.

O parque foi fechado temporariamente e não há previsão de reabertura. A prefeitura informou que abriu procedimento administrativo e afirma que o zoológico segue normas técnicas de segurança. O Ministério Público da Paraíba também abriu investigação para apurar eventuais falhas estruturais e omissões. A direção do parque informou que a leoa não será sacrificada.

Histórico de acolhimentos e transtorno mental

Documentos do Conselho Tutelar apontam que Gerson tinha histórico psiquiátrico e passou por diversos abrigos ao longo da infância e adolescência. A mãe, diagnosticada com esquizofrenia, perdeu a guarda dos filhos há mais de dez anos. Enquanto os irmãos foram adotados, ele permaneceu em instituições e registrou repetidas fugas.

Relatórios oficiais indicam que sinais de psicose foram identificados ainda na infância, mas o diagnóstico formal veio apenas anos depois. A Justiça determinou que ele fosse internado em instituição de longa permanência após um processo por dano ao patrimônio, no qual foi considerado inimputável. A internação não chegou a ser efetivada.

Sem acompanhamento médico contínuo, passou a viver nas ruas e buscava acolhimento em delegacias. Familiares relatam que, em alguns momentos, ele intencionalmente provocava prisões para ter acesso a abrigo e alimentação.

Dois dias antes da morte, ele procurou o Conselho Tutelar para solicitar documentos e iniciar processo de emissão de carteira de trabalho. Segundo profissionais que o atenderam, o jovem alternava momentos de lucidez com episódios de desorganização.

A prefeitura e o Ministério Público afirmam que os desdobramentos do caso serão acompanhados e avaliados nos próximos dias.