Quando a trégua entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) ainda estava sendo debatida, uma liderança do grupo paulista alertou para uma preocupação que, posteriormente, terminou sendo determinante para que a aliança não se mantivesse.

Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido pelo vulgo de ‘Funchal’, explicou que se colocava como a favor das tratativas entre as facções, mas que era preciso “respeitar as regionalidades e a opinião de todos”. A declaração aconteceu em conversa do criminoso com o advogado segundo relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), divulgado pelo jornal O Globo.

De acordo com as autoridades, a nova ruptura entre PCC e CV aconteceu por conta de rixas locais que inviabilizaram o acordo costurado dentro das cadeias. Anunciado em um “salve” por ambas as facções no dia 25 de fevereiro, o cessar-fogo não chegou às ruas de forma homogênea ao redor do país, com alguns estados aderindo a decisão, enquanto outros mantiveram a guerra.

Promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Lincoln Gakiya argumenta que o rompimento se deve principalmente pela dificuldade da implementação da trégua em quadrilhas com perfis organizacionais tão diferentes.

Outro importante fator a ser considerado é o fato de que a trégua não teria passado por Marcinho VP, principal chefe do Comando Vermelho (CV) do Rio. O relatório da Senappen indica ainda Marcinho VP negou “de forma veemente” a existência de um acordo com o PCC e “reiterou que as facções permanecem como inimigas”.

Segundo autoridades que acompanham as duas facções, a proposta de trégua teria partido advogados do Rio de Janeiro, ligados ao CV diretamente a integrantes da cúpula do PCC, como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Reinaldo dos Santos, o Funchal.