A Polícia Civil do Amapá deflagrou, nas primeiras horas desta terça-feira (18/11), a Operação Lâmina de Prata, com o objetivo de desarticular uma aliança criminosa formada entre a facção local Família Terror do Amapá (FTA) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo as investigações, o grupo atuava no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e contava com apoio de agentes públicos para financiar suas atividades.
A ação é conduzida pela Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e cumpriu 58 ordens judiciais nos estados do Amapá, Amazonas e Paraná.
Foram expedidos 23 mandados de prisão preventiva, 35 de busca e apreensão e medidas de sequestro de bens e bloqueio de valores para atingir o patrimônio dos investigados.
Aliança criminosa e rota do tráfico
De acordo com a Polícia Civil, a operação tem como alvo central o rompimento da parceria firmada entre a FTA e o PCC.
Essa aliança ampliou a capacidade logística das facções, permitindo o envio de drogas pelas rotas de Manaus e Tabatinga, áreas consideradas estratégicas para o tráfico internacional.
As investigações começaram a partir de prisões anteriores por tráfico e revelaram uma estrutura sofisticada de lavagem de dinheiro, movimentação de valores por meio de laranjas e empresas de fachada, além de indícios graves de corrupção envolvendo desvio de dinheiro público.
Secretário municipal entre os investigados
Um dos principais alvos é o Secretário de Infraestrutura do município de Vitória do Jari, apontado como facilitador do esquema.
Segundo a Polícia Civil, ele teria recebido R$ 100 mil de uma empresa com contratos na prefeitura, contratos sob sua própria fiscalização.
A suspeita é de que parte dos recursos públicos desviados teria sido usada para custear as operações criminosas da facção.
Movimentação milionária
A investigação identificou “operadores financeiros” responsáveis por movimentar valores muito acima de sua capacidade econômica.
Um deles teria movimentado mais de R$ 3,3 milhões, com repasses disfarçados entre o Amapá e o Amazonas.
A polícia afirma que esse fluxo abastecia as atividades do grupo e permitia a compra de armas, drogas e influência.
Nome e estratégia da operação
O nome “Lâmina de Prata” faz referência à ação cirúrgica para “cortar” o fluxo financeiro — a “prata”, que sustenta a estrutura criminosa.
A estratégia central da operação é a asfixia econômica da facção, atingindo bens, contas e fornecedores de serviços.
Entre os presos estão integrantes de alta hierarquia, incluindo líderes da ala feminina da facção e operadores logísticos responsáveis pela ponte entre o Amapá e a região de fronteira.
Força-tarefa
A operação contou com apoio da Polícia Militar, Polícia Penal e Grupo Tático Aéreo (GTA), que atuaram de forma integrada com as equipes da Draco.
Em pronunciamento, a Polícia Civil afirmou que não vai permitir que facções se consolidem no estado e lembrou que a investigação continua com foco na responsabilização criminal e patrimonial de todos os envolvidos, inclusive agentes públicos.



