Investir num carro zero ou comprar um semi novo? A dúvida atormenta, sobretudo, os motoristas que estão adquirindo o primeiro automóvel. Para os especialistas, as escolhas possuem vantagens e desvantagens, cabendo ao futuro proprietário avaliar qual sua real necessidade para só então optar pela mais adequada.

De acordo com a representante do Grupo Thinkseg, que atua na contratação de seguros e produtos financeiros, Michele Alves, antes de decidir, o futuro comprador deve colocar todas as suas despesas na ponta do lápis, pontuando o que é prioridade e o que pode ser cortado. “Faça uma lista de quais gastos podem ser evitados ou diminuídos. Reduzir a frequência com que você vai a restaurantes, bares e fazer compras, ajuda a poupar um dinheiro considerável”, sugere.

Avalie a melhor forma de pagamento do sonhado veículo. Se for à vista, não precisará arcar com parcelas todo mês, nemo com a taxa de juros. Se optar por financiamento, terá que solicitar o valor ao banco e, se aprovado, pode usá-lo imediatamente. O pagamento é realizado em parcelas e os juros giram em torno de 27% ao ano. A dica neste caso é dar uma entrada e parcelar o valor restante. Não perca de vista que, no financiamento integral, ao final, o valor pode alcançar o equivalente a dois carros, devido aos altos juros.

A vantagem do consórcio é funcionar como uma poupança coletiva, na qual cada membro contribui com o valor mensal proporcional ao preço do automóvel. Todos os meses acontece um sorteio, em que uma pessoa do grupo é contemplada para receber a carta de crédito, que nada mais é do que o dinheiro para efetuar a compra do veículo. Esta opção pode ser viável para quem não tem pressa para ter um carro, pois as taxas administrativas costumam ser bem mais atrativas do que os juros aplicados em financiamentos.

Além disso, para que a organização se saia ainda melhor, não esqueça que o IPVA varia de acordo com o modelo do veículo e seu ano de fabricação, sendo que os mais antigos têm valores mais baixos. Ainda é essencial considerar diversas despesas como seguro DPVAT, manutenção, combustível, troca de óleo, pneus e estacionamento.

Seminovos

Michele lembra que os carros usados, normalmente, saem mais barato, mas existem opções de carro zero a partir de cerca de R$ 30 mil. “O seminovo tem a vantagem de não ter o desconto da depreciação sofrida pelo automóvel que acaba de sair da concessionária. Outra vantagem é que, pelo mesmo preço de um novo, no seminovo é possível comprar um veículo mais equipado e ainda, dependendo do tempo de garantia oferecido pela montadora, usufruir do benefício”, destaca.

A desvantagem é o consumidor conseguir avaliar adequadamente as reais condições do veículo que pretende comprar. “A dica é levar um mecânico de confiança para fazer uma avaliação e garantir que o barato não saia caro lá na frente”, ensina.

Boris Feldman, engenheiro e jornalista especializado em automóvies, por sua vez, alerta que é importante buscar um modelo seguro, compacto e econômico. “Principalmente quando falamos de combustível, uma vez que é um gasto que pode ser bastante significativo dependendo da rotina do proprietário e do consumo do carro”, pontua.

Com relação à documentação, o comprador deve pesquisar o histórico do carro: multas, pagamentos, se IPVA, DPVAT do ano atual e documentação estão em dia. Para ter acesso a débitos e possíveis bloqueios, basta acessar o site do órgão de trânsito da cidade respectiva, com o número Renavam e número da placa do veículo.

Também é importante verificar se está tudo bem com o número do chassi do carro. Depois disso, o primeiro passo é do vendedor. Ele deve comunicar ao órgão a transferência do veículo para o novo dono, processo que vai demandar uma visita ao cartório para uma cópia do comprovante de transferência. Se isso não acontecer, todas as multas cometidas pelo novo proprietário, por exemplo, ficarão em nome do antigo, e o atual dono também não conseguirá fazer um seguro para o seu carro.

Zero quilômetro

As chances de ter de fzer manutenção de um carro novo nos primeiros anos são quase nulas. “A principal vantagem do carro novo é a confiança de que ele não vai te deixar na mão, além de, normalmente, gerar menos manutenção nos primeiros anos”, lembra Michele. Já a desvantagem é o preço mais elevado e a desvalorização que ele sofre ao sair da concessionária, que gira entre 10% e 20%.

“Cada linha de automóvel tem sua indicação de perfil. Os hatches costumam ser preferidos de quem é mais urbano, para um perfil mais familiar a dica é investir nos sedãs. Aqueles que buscam uma opção mais versátil podem optar por picapes pequenas, por exemplo. Os favoritos do momento são os modelos SUVs, que contam com bom espaço interno e conforto.”, afirma Feldman.

Caso exista a intenção de gastar dinheiro com os acessórios, na maioria dos casos, vale mais a pena comprar a versão mais equipada do automóvel, que já vem com os acessórios de fábrica, do que a versão mais básica e depois pagar pelos acessórios separadamente na concessionária.

“O carro com a versão mais avançada possui os serviços de instalação dos equipamentos embutidos no valor total. A instalação à parte fica mais cara em boa parte dos casos”, salienta Michele.

Para finalizar, não esqueça que o carro novo também exige mais gastos com documentação e emplacamento, além do IPVA.