Imagine sair com apenas 10 reais para um encontro em Salvador, pegar dois “buzus”, parar na baiana e fazer uma boquinha – com direito a bancar o acarajé da consagrada -, comprar 10 latinhas de cerveja no mercado e, ao chegar em casa para o “after” com a crush, ainda estar com R$ 1,40 no bolso?

Desconfiado, o leitor deve estar pensando que esse rolé hipotético é baratino: “Eu quero é prova e 1 real de Big Big”  Pois saiba que esse ‘date’ era possível…

No longínquo ano 2000

Naquela época, a passagem de ônibus custava R$ 0,80 e podia ser paga em vale-transporte ou no Smart Card [aposentado em abril de 2006].

Essa verdinha saiu de circulação em 2005 e hoje vale até R$ 200 na mão dos colecionadores (Foto: Reprodução / Shutterstock)

Caso precisasse ir da Cidade Baixa para a Cidade Alta, ou vice-versa, o ticket no Elevador Lacerda custava R$ 0,05.

Sem metrô (que ainda não estava atrasado), o jeito era pegar um Cabula VI/Lapa da Vitral (Foto: Alberto Coutinho / Arquivo CORREIO)

‘Sem camarão, coisinho’

Para comer, o acarajé de Cira ou Dinha custava R$ 0,50, sem camarão, e R$ 1,50, com camarão. Agora, 20 anos depois, as baianas estão passando por dificuldades devido à crise do coronavírus.

 E a “cerva”? A loira sagrada era encontrada por R$ 0,59 no mercado – a lata de 350ml, não a “piriguete”, que nessa época nem existia.

Lembram da propaganda do siri? (Foto: Reprodução)

Streaming o quê?

No mundo ainda sem Netflix, com internet discada e dominado pelas locadoras de filme, era possível alugar Titanic para assistir agarradinho pagando R$ 1. Só não podia esquecer de rebobinar antes de devolver a fita para não pagar multa.

‘Near, far, wherever you are ano 2000’ (Foto: Reprodução)

E o Big Big?

Apresentada a evidência, hora de receber seu 1 real de Big Big. Mas não serão as 5 unidades que você compra hoje com esse valor. Como estamos falando de 20 anos atrás, naquela época as mercearias e delicatessens da cidade vendiam 20 chicletes por 1 real.

Outras opções eram a bala de maçã verde ou 7Belo, que custavam os mesmos R$ 0,05. Já pirulito Pop e o chiclete Bubbaloo (leia-se Babalu), saíam por R$ 0,10. Mas se quisesse comprar um salgadinho, o Gula ou Mikão podiam ser encontrados facilmente por R$ 0,50.

Você era #TeamGula ou #TeamMikão? (Foto: Reprodução)

Rolé de patrão

Até quem era barão pagava valores menores comparados a hoje. Começando pelo preço do etanol, que ficava na casa do R$ 1, enquanto a gasolina custava cerca de R$ 1,50, o litro. Caso quisesse deixar o Vectra novinho na garagem, o endinheirado que fosse de táxi pagaria apenas R$ 0,80 por quilômetro rodado, e a bandeirada (valor inicial da corrida) começava em R$ 2,20. Com isso uma corrida entre o Porto da Barra e o Shopping Iguatemi (hoje Shopping da Bahia) era feita por menos de R$ 14.

Saudades né, Rose? (Foto: Reprodução)

Chegando no Iguatz

Para comer um Big Mac no Shopping Iguatemi, era preciso R$ 3,95, enquanto a casquinha poderia ser comprada por 1 real. Se batesse a vontade de assistir ‘Vovó… Zona’, ‘Gladiador’ ou ‘Todo Mundo em Pânico’ no Multiplex, a entrada, custava R$ 8 a inteira e R$ 4 a meia (óbvio) na quarta-feira, dia mais barato.

Se quisesse dar uma variada, ainda tinha o Aeroclube, que vivia cheio na época (Foto: Edgar Melo / Arquivo CORREIO)

O estrago que R$ 1 fazia na fila do pão

Se quisesse aproveitar para ir à padaria, nossa nota de 1 real garantia a festa no tempo que a unidade do pão não era pesada e custava apenas 0,10. “Moço, me vê metade de sal e metade de milho”.

Vai ler um livro, oxe!

Para ir às bancas era preciso juntar algumas cédulas de 1 real. Revistas informativas, como a Veja, custavam R$ 4. Caso quisesse se informar com as notícias locais, o Correio da Bahia custava R$ 1,20 de segunda à sábado e R$ 1,50 aos domingos. Mas se você estivesse com segundas intenções, a Playboy com Scheila Carvalho sozinha na edição, em 2000, provocou fila nas bancas e custava R$ 7.

O ‘tchan’ de Scheila Carvalho (Foto: Reprodução)

Barato, pero no mucho

Ver esses preços com uma visão de hoje deixa tudo parecendo uma pechincha, mas na realidade não era bem assim. Não apenas os produtos, mas os salários também eram menores naquela época. O salário mínimo em 2000 era de R$ 151.

Graças à inflação, no período entre os anos 2000 e 2020 a moeda brasileira desvalorizou, segundo a FGV, mais de 400%. Ou seja, o R$ 1 há 20 anos vale o mesmo que R$ 4,28 hoje.