Após três dias de discursos de mais de cem de países no Fórum da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) para defender a paz e a segurança, nesta quarta-feira (2) foi aprovada uma resolução contra a invasão russa da Ucrânia.

O Brasil se alinhou à ampla maioria e também votou a favor (leia detalhes mais abaixo). Os países que votaram contra foram Rússia, Belarus, Síria, Coreia do Norte e Eritreia. A China se absteve.

O texto “deplora nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia”. Ela é não vinculante, o que significa que, a partir dela, os países não são obrigados a fazer nada. Sua importância, portanto, é política: mostra como a maioria dos países vê a invasão promovida por Moscou.

Boa parte da comunidade internacional acusa a Rússia de Vladimir Putin de violar o artigo 2 da Carta das Nações Unidas, que pede aos seus membros para não recorrer a ameaças ou à força para solucionar conflitos.

Votação da ONU sobre a invasão russa da Ucrânia em 2 de março de 2022 — Foto: Reprodução/ONU
Votação da ONU sobre a invasão russa da Ucrânia em 2 de março de 2022 — Foto: Reprodução/ONU 

O texto, promovido pelos países europeus e Ucrânia, e apoiado por 141 países de todas as regiões do mundo, sofreu inúmeras alterações nos últimos dias para chegar a um acordo mínimo aceitável para os mais relutantes.

O Brasil votou a favor da resolução, mas alertou que “a resolução é um apelo à paz da comunidade internacional. Mas a paz exige mais do que o silêncio das armas e a retirada das tropas. O caminho para a paz requer um trabalho abrangente sobre as preocupações de segurança das partes”.

Segundo a representação da ONU no Brasil, a “resolução não pode ser vista como permissiva à aplicação indiscriminada de sanções e ao envio de armas. Essas iniciativas não conduzem à retomada adequada de um diálogo diplomático construtivo e correm o risco de aumentar ainda mais as tensões com consequências imprevisíveis para a região e além”.

“Não há nada a ganhar” com uma nova Guerra Fria, alertou o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, depois de lembrar que a “mentalidade” desta época “baseada no confronto de blocos deve ser abandonada”. Aliada da Rússia, a China se absteve de votar uma resolução semelhante no Conselho de Segurança na sexta-feira passada.