Uma operação contra o narcotráfico em Salvador, na manhã desta segunda-feira (10), resultou na prisão de Vitor Lobo, suspeito de comandar um esquema de venda de maconha líquida — uma substância derivada da planta Cannabis sativa. Lobo foi detido em um prédio no Corredor da Vitória, bairro nobre da capital baiana. A investigação aponta que a relação dele com a Associação de Apoio ao Tratamento com Canabinoides (AATAMED) é um dos principais focos do caso.
Mais cedo, à reportagem da TV Aratu, Vitor afirmou que a maconha líquida é de uso exclusivamente medicinal e que ele atua nessa área há muitos anos. “Há muitas crianças que dependem de mim”, declarou. No entanto, as investigações indicam que a substância estaria sendo comercializada para uso em cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “vapes”, o que configura desvio de finalidade.
Vitor Lobo, que ocupa o cargo de presidente da AATAMED, já foi retratado em matérias como defensor do uso medicinal da cannabis, especialmente no tratamento de condições como a microcefalia. Além disso, ele integrou a comissão responsável por elaborar as instruções técnicas relacionadas à Lei 9.663/2023, que autoriza a distribuição de cannabis medicinal pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Salvador.
Apesar de sua atuação aparentemente legítima, as investigações revelam que a associação pode ter sido usada como “fachada” para encobrir atividades criminosas. Outro suspeito, também ligado à organização, foi preso em São Paulo. Durante as buscas, foram apreendidos maconha líquida, cigarros eletrônicos e outros materiais ilícitos.
Nas redes sociais, embora mantenha um perfil privado, Vitor Lobo conta com quase 5 mil seguidores. Algumas fotos em seu perfil mostram ele em viagens para destinos como Egito e Estados Unidos, levantando questionamentos sobre a origem dos recursos financeiros.
A operação, ainda em andamento, cumpre 27 mandados de busca e apreensão em diversos bairros de Salvador. Todo o material apreendido será submetido à perícia, e os suspeitos presos ficarão à disposição da Justiça. As investigações continuam para identificar outros envolvidos no esquema criminoso.