Um vídeo exclusivo revela a tortura de um detento no Conjunto Penal de Brumado, na cidade homônima, localizada no centro-sul da Bahia. As imagens mostram o homem sendo atingido por um tiro de bala de borracha e sofrendo agressões por parte dos policiais penais. O Ministério Público estadual denunciou o ex-diretor da unidade prisional, capitão PM Cláudio José Delmondes Danda, a diretora adjunta Carol Souza Amorim, e outros quatro servidores públicos.

A gravação, feita por uma câmera de segurança no dia 24 de outubro de 2023, por volta das 10h30 da manhã, registra o detento no setor de triagem para averiguação de uma sandália fora do padrão fornecido pela unidade, supostamente recebida de uma visita. Conforme a denúncia, o detento, descontente, começou a chutar caixas plásticas no local.

Poucos minutos depois, o detento aparece deitado no chão e, ao ver a aproximação dos agentes, coloca as mãos na cabeça em sinal de rendição. Mesmo assim, ele é atingido por um tiro de bala de borracha na perna esquerda. Após deitar novamente no chão, o homem é alvejado com spray de gengibre no rosto, chutado por um policial e algemado.

Ainda de acordo com o MP, os agentes se dirigem à cela 10, no fundo do corredor, onde realizam uma suposta verificação e retiram materiais ilícitos. Em seguida, retornam ao local onde o detento está algemado e o agridem com três cotoveladas no abdome e outros golpes, mesmo sem ele apresentar resistência.

Apesar das agressões, o detento só recebeu atendimento médico no dia seguinte, 25 de outubro, e foi submetido a exame legal em 5 de fevereiro deste ano, após requisição do Ministério Público.

Foram denunciados Jamerson Evangelista de Jesus, Paulo Sérgio Brito da Silva, Jaime Ferreira Santos Júnior, o supervisor Alex Santos Ângelo, além de Marcos Leite, Gerente Operacional, e os monitores Wander Ferreira dos Santos, Henrique Eduardo Messias de Lima, Jonathas Hipolito de Aguiar e Sérgio Gabriel Cangussu Caires.

Conforme documentos obtidos pelo MP, a direção do Conjunto Penal, tanto o então diretor capitão PM Cláudio José Delmondes Danda quanto a diretora adjunta Carol Souza Amorim, tiveram conhecimento dos fatos em 30 de outubro de 2023. No entanto, “omitiram-se e não adotaram nenhuma providência para apuração” e também foram denunciados.