Em depoimento à Polícia Federal, a chefe da central de vacinação de Duque de Caxias (RJ), Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, disse ter emprestado sua senha para o secretário de governo do município excluir os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), procedimento feito através do usuário em nome de Cláudia.

No dia 3 de maio, Cláudia foi um dos alvos da operação “Venire”, que fez busca na residência de Bolsonaro e prendeu alguns assessores, como o tenente-coronel Mauro Cid. A emissão do certificado de vacinação de Covid seria utilizado em viagem para os Estados Unidos por Bolsonaro e seus assessores. Apenas a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro teria se vacinado.

A investigação da Polícia Federal afirma que foi colocado no sistema como se Bolsonaro tivesse tomado duas doses de vacina contra a Covid. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

A chefe central disse que procurou o secretário João Brecha na data da exclusão dos cartões de vacina, mas diz que não recebeu os CPFs com a justificativa de não se envolver em problemas relacionados a “pessoas relevantes e conhecidas”. Ela diz que acreditava que as exclusões seriam “idôneas”.

No entanto, ainda não foi confirmado que a exclusão das vacinas ligadas a Bolsonaro se deu por erro. Informações obtidas pela Folha com a PF dizem que o pedido de busca à residência de Bolsonaro foi feito para “dificultar a identificação do benefício do crime de inserção dos dados falsos no sistema”.

Por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a prefeitura de Duque de Caxias instaurou uma sindicância no dia 4 de maio para apurar os fatos e responsabilidades acerca das hipóteses levantadas, segundo o jornal.

Houve uma emissão de certificado em 22 de dezembro, mas cinco dias depois houve a emissão de outro certificado e, depois disso, o usuário em nome da chefe de vacinação de Duque de Caxias apagou o registro do sistema com a justificativa de “erro”.

De acordo com a Folha, a PF diz que a “coerência lógica e temporal desde a inserção dos dados falsos”, até a geração dos certificados, indicam que Bolsonaro e Mauro Cid, seu ajudante de ordens, tinham conhecimento da inserção fraudulenta dos dados de vacinação.

Cláudia Helena diz não ter informações da presença de Mauro Cid e seus familiares na cidade e de como as inclusões foram feitas. No que toca à relação com o secretário João Brecha, Cláudia disse à Folha que não o conhece pessoalmente e que o pedido para ajudá-lo foi feito por sua chefe, a secretária de Saúde, Célia Serrano, e depois disso, os dois começaram a se falar por WhatsApp.

Ainda segundo a Folha, a Procuradoria-Geral da República foi contra as buscas solicitadas pela PF e afirmou que Mauro Cid arquitetou e capitaneou toda a ação criminosa à revelação do ex-presidente. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes discorda da PGR sobre a tese de que Cid atuou sozinho e concedeu buscas.