O Ministério Público da Bahia (MP-BA) entrou, nesta quinta-feira (23), com um pedido à Polícia Civil para investigar um grupo de foliões do bloco “As Muquiranas” que encurralaram e agrediram uma mulher no Carnaval de Salvador. O caso aconteceu na terça-feira (21), em um trecho do Circuito Osmar, no Campo Grande.

O órgão instaurou um procedimento para apurar o caso, registrado por câmeras de vídeo. Nas imagens, é possível ver a mulher sendo empurrada e jogada para cada um que formava a roda. Além disso, os homens jogam água nela com as armas de brinquedo, até que um guarda municipal intervém.

O MP afirmou, através de nota, que aguarda a colaboração da vítima para obter informações adicionais que auxiliem nas apurações e possível punição dos autores.

Ao Alô Alô Bahia, uma vítima que vivenciou uma cena semelhante relatou que estava acompanhada da irmã no circuito enquanto o trio do bloco As Muquiranas passava.

“Reparei que quanto mais eu dançava, mais eles se achavam no direito de espirrar a pistola de água em mim. O que mais me incomodou foi quando miravam no nosso rosto com água gelada, e, por mais que eu pedisse para pararem, eles continuavam espirrando água no nosso corpo e rosto. Voltei encharcada, tive que me retirar várias vezes do lugar que eu queria ficar por isso. Muita falta de respeito, a gente se sente invadida e impotente, pois ficamos com medo de reclamar e piorar a situação”, relatou ela, que optou por não revelar o seu nome.

‘Não podemos controlar comportamento’, diz Muquiranas

Em nota divulgada nas redes sociais, o bloco diz que a pistola de água não faz parte do kit da fantasia. “Ciente dos transtornos que as mesmas causam, fazemos campanhas ao longo de todo o ano, inclusive, neste ano, exibimos no led do trio, a imagem de não apoio ao uso do brinquedo dentro do bloco”. Mas a agremiação diz que não pode proibir que os foliões vão para a avenida portando o brinquedo, que é registrado pelo Inmetro. “Lamentavelmente as pessoas compram no Carnaval para uso indevido”, completa.

O bloco diz ainda que já procurou o Ministério Público e a Câmara Municipal para que seja criada uma lei que proíba qualquer cidadão de entrar com pistolas d’água no Carnaval. “O nosso objetivo é que tratem as pistolas d’água como um adereço que causa importunação, da mesma forma que proibiram o uso de bebidas em garrafas de vidro”, explica.

No entanto, As Muquiranas diz que não pode “controlar o comportamento das pessoas que depredam patrimônio público e nem daqueles que cometem assédio ou quaisquer outros crimes”.

Segundo o balanço final do Carnaval, apresentado pelo Governo do Estado, foram registrados este ano de 2023 seis casos de importunação sexual durante a festa. O número representa uma diminuição de 40% dos casos, se comparado ao último Carnaval no ano de 2020.

Jornal Correio da Bahia