“Eu senti o órgão dele bem na minha b**** mesmo. Senti de verdade, olhei um pouco para baixo e vi que ele estava com o P**** duro”. O forte – e chocante – relato de Taila Santos de Carvalho, de 30 anos, é sobre mais um episódio de importunação sexual, desta vez ocorrido em São Paulo, na noite dessa quinta-feira (29). Mesmo gritando por socorro, ninguém a ajudou e uma pessoa chegou a defender o suspeito. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública daquele Estado explicou que a vítima deve registrar boletim de ocorrência e explicou ações para coibir esse tipo de crime.

Eram por volta das 19h quando Taila pegava seu terceiro ônibus para conseguir chegar em casa após um dia de trabalho. O ônibus é da linha 9008, sentido Parque de Taipas. “Eu tinha trabalhado até um pouco mais tarde. O ônibus estava um pouco cheio, mas, depois de uns dois pontos, esvaziou bastante”, explica Taila.

“Desceu uma moça, e alguém se aproximou. De repente, eu senti uma ‘quentura’, mais próxima das minhas pernas, perto das nádegas. Quando eu olhei, era um homem, ele ficou sem graça e saiu um pouco de perto”, relata a mulher, que trabalha em uma loja como promotora de lingerie.

“Até então, eu achei que tinha sido esses esbarros normais, de ônibus mesmo, que acontecem. Eu estava mexendo no celular, aí voltei a mexer depois disso. Depois de alguns minutos, eu senti mesmo o órgão dele bem na minha b*** mesmo. Senti de verdade, olhei um pouco para baixo e vi que ele estava com o p*** duro”, explica a vítima.

Taila conta que conseguiu se desvencilhar do homem, que colocou um paletó na frente da calça. “Aí eu falei para ele tirar o paletó dali. Ele não quis, ficou perguntando o motivo. Repeti outra vez para ele tirar o paletó da frente. Depois dessa insistência ele veio e falou: ‘Ah, está ficando louca?’. Eu respondi que não, e disse que era um tarado, que o louco era ele, que estava me esfregando e me ‘encoxando’. Falei para ele parar de empurrar o pinto dele na minha bunda”.

Segundo a vítima, ele continuou insistindo que ela era louca. “E eu falando que não. Mandei ele tirar o paletó outra vez e, como ele não quis, eu puxei e joguei o paletó no chão. Ele ficou sem graça, todo mundo viu e ele ainda arrumou o pinto. Isso que me deixou com mais raiva”.

Durante a confusão, segundo Taila, um senhor, que estava perto, apareceu para defender o homem.”Ele falou assim: ‘Moça, o ônibus está lotado, é normal as pessoas se esfregarem’. Eu falei que era normal sim, o que não era é um cara tentar me estuprar dentro do ônibus. O homem falou que não ia ficar escutando isso, e eu disse que ele iria escutar sim, que era um tarado. Perguntei para ele se fosse com a mulher dele, com a mãe, irmã, se ele ia gostar. Ele pediu para o motorista abrir a porta e desceu do ônibus”.

Ninguém ajudou

Após o homem descer do veículo, o mesmo senhor que tinha falado que era normal, voltou a se dirigir para a vítima. “Ele chegou e disse: ‘É bem desse jeito mesmo, você estava até gostando’. Eu mandei ele parar de falar do que ele não sabia. Sou uma mulher de 30 anos, tenho dois filhos para criar, exijo respeito”. A promotora de roupas disse que, durante toda a confusão, dentro do ônibus, ninguém fez nada. “Só tinha homens lá dentro, naquela hora”.

Taila explica que, pelo “cansaço e desgaste”, não procurou a polícia para registrar boletim de ocorrência. “Cheguei em casa, encontrei com meus filhos. Estou muito mal desde ontem, muito abalada mesmo. Me sinto desprotegida, insegura. Estou muito assustada, quando qualquer pessoa vem falar comigo eu já assusto. Me sinto sozinha, a todo momento eu lembro da cena. Dormi muito mal, o rosto dele não sai da minha mente”, completa.

Procurada pelo BHAZ para saber que tipo de procedimento a vítima deve tomar e quais ações o governo faz para inibir o crime, a Secretaria de Segurança Pública explicou, por nota (leia na íntegra abaixo), que “todas as delegacias do Estado de São Paulo são capacitadas para acolher as vítimas e registrar casos de violência contra a mulher, inclusive as diversas formas de assédio”.

Além disso, o órgão também afirma que “implementou o SOS Mulher, aplicativo que prioriza o atendimento às pessoas com medidas protetivas, deslocando as equipes policiais mais próximas do local da ocorrência”. Também explica que “lançou uma campanha para conscientizar a população sobre o combate à violência doméstica e contra a mulher, inclusive estimulando a denúncia dos agressores”.

Importunação sexual e estupro

O crime de importunação sexual se tornou lei no ano passado e é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência. O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô. Antes, isso era considerado apenas uma contravenção penal, com pena de multa. Agora, quem praticá-lo poderá pegar de 1 a 5 anos de prisão.

Já o crime de estupro é previsto no art. 213, e consiste em “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Mesmo que não exista a conjunção carnal, o criminoso pode ser condenado a uma pena de reclusão de 6 a 10 anos.

Nota da SSP

“Todas as delegacias do Estado de São Paulo são capacitadas para acolher as vítimas e registrar casos de violência contra a mulher, inclusive as diversas formas de assédio. O registro do B.O é importante para embasar as políticas de segurança e a investigação criminal. Os distritos policiais paulistas adotam o Protocolo Único de Atendimento, que estabelece padrão para o acolhimento das mulheres vítimas. Além disso, os cursos de formação dos policiais, sejam civis ou militares, contemplam disciplinas direcionadas ao tema.

Para combater a violência contra a mulher o Governo do Estado ampliou de uma para 10 as delegacias de Defesa da Mulher 24 horas em todo o Estado. Outras 30 unidades também terão atendimento ininterrupto até 2022. Também implementou o SOS Mulher, aplicativo que prioriza o atendimento às pessoas com medidas protetivas, deslocando as equipes policiais mais próximas do local da ocorrência, e lançou uma campanha para conscientizar a população sobre o combate à violência doméstica e contra a mulher, inclusive estimulando a denúncia dos agressores”.