Morreu na tarde desta quarta-feira, 21, o professor Hélio Rocha, aos 99 anos. Ele estava em casa, em Salvador, onde recebia cuidados pelo sistema de home care e faleceu de causas naturais. O velório vai ser realizado nesta quinta-feira, 22, a partir das 10h, no Cemitério Jardim da Saudade. Já o seppultamento ocorre às 16h.

Nascido no ano de 1923, em Salvador, Hélio Rocha fez curso primário em escolas particulares da cidade. Já em 1936, fez o Exame de Admissão para o Ginásio da Bahia onde realizou o curso ginasial de cinco anos conforme a lei de então. Enquanto cursava o Ginásio da Bahia, dedicou-se, também, ao ensino particular de alunos que se preparavam para fazer o Exame de Admissão.

Em 1941, ele foi residir no Rio de Janeiro. Por lá, fez o curso clássico no conceituado Colégio D. Pedro II, onde foi aluno do poeta Manuel Bandeira e de José de Oiticica “magister dixit” da língua portuguesa, famosíssimo na época devido à publicação da “Teoria do Complemento” na Sintaxe Portuguesa. Este período propicia sua ida frequente às conferências da Academia Brasileira de Letras, permitindo o forte convívio com as celebridades literárias da época.

Em 1943, fez o vestibular na Faculdade Nacional de Filosofia (Curso de Ciências Sociais). Nesta prova apenas oito alunos foram selecionados, um deles foi Hélio Rocha. Ele foi aluno de professores célebres como Djacir Menezes, de Jacques Lambert e de Luís Aguiar Costa Pinto, baiano. Foi neste curso que surgiu a sua determinação de lecionar Sociologia.

Em 1947, ainda no Rio de Janeiro, Hélio Rocha faz uma palestra representando os jornalistas do Brasil para o casal Juan e Eva Peron, que voltava da Europa de navio. De 1948 a 1950, passou três anos fazendo palestras, na época dos extremismos ideológicos que combatia intensamente, estimulando as referências culturais brasileiras. Sempre católico e defensor de um nacionalismo cristão.

Hélio Rocha retornou à Bahia em 1956, convivendo ao lado do Professor Milton Santos durante dois anos. Foi uma fabulosa influência e renovação intelectual. Em 1960 casou-se com D. Antônia Lúcia Souza Rocha, já falecida, com a qual teve três filhos naturais e dois filhos adotivos: Paulo Sérgio, Luis Fernando e Patrícia Rocha e José Marcos e André da Silva.

Em 1968, foi convidado para lecionar na UnB, juntamente com Machado Neto e Carlos Costa, formando um grande time de baianos nas disciplinas de ciências políticas, filosofia da história, sociologia da educação, etc. Nesta oportunidade, Hélio Rocha foi convidado, também, por Dom Clemente Silva Nigra para compor sua equipe no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) funcionando no próprio Ministério de Educação. Foi o momento dos convívios intelectuais com as celebridades da época, como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o célebre Afonso de Taunay, historiador dos bandeirantes paulistas etc.

Ainda em 1968, com o fechamento da UnB pelos militares, retornou à Bahia e começou a lecionar nos mais destacados cursos pré-vestibulares de Salvador, nas disciplinas de Sociologia, História, Geografia, Português e Redação, além de lecionar na Universidade Federal da Bahia, na Universidade Católica de Salvador, na Faculdade de Sociologia e na Faculdade de Economia da Bahia. Em 1974, fundou o curso e colégio Nobel. Em 1985, fundou a Sociedade Integral de Ensino, composta pelo Curso e Colégio Integral, juntamente com seus familiares, retomando a sua “visão pedagógica”.