Uma reviravolta no caso da morte de Leandro Santos Azevedo, 19 anos. Ele, que havia sido internado no Hospital de Campanha instalado na Avenida Luís Viana (Paralela), em Salvador, para tratamento do coronavírus, não estava com a doença. Pelo menos é o que atesta um exame realizado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida San Martin e obtido pela família na última segunda-feira (6/7).

O caso ganhou repercussão após um áudio enviado pelo jovem para a namorada sustentar que profissionais do Hospital de Campanha do Wet’n Wild iriam desligar seus aparelhos. Na oportunidade, a Associação Saúde em Movimento (ASM), responsável pela administração da unidade, disse que o conteúdo do arquivo não era verdadeiro, já que Leandro “já apresentava sinais de comprometimento pulmonar importante”.

“Queremos reposta sobre isso, do que realmente aconteceu neste dia que o hospital diz que ele foi a óbito, porque piorou, já que ele foi para tratamento sem estar com Covid-19. Isso está mexendo com o psicológico de todos da família. Estamos todos abalados. Pedimos esclarecimento. Não temos apoio nenhum. Está sendo doloroso”, diz o tio da vítima, Marcos Azevedo.

O laudo que aponta “não reagente” para o vírus foi realizado no dia 29 de junho, segundo a família, um dia antes de morte do rapaz. “A família está angustiada sem saber do que realmente Leandro morreu. Depois desse exame da própria UPA, vem todas as dúvidas do que realmente ele morreu. Ele foi internado no hospital de Covid e agora o resultado dá negativo. Essa situação deixa todo mundo confuso”.

Em contato com o Aratu On, o diretor médico do Hospital de Campanha, Luiz Viana, confirmou a negativa do último exame, mas alertou sobre uma possível erro. “Nós vamos refazer, porque o primeiro teste deu positivo, o que motivou a transferência. Já o segundo, PCR, feito pelo Lacen, deu negativo. Então, agora, precisamos de um novo exame, mais garantido”, explicou.

INTERNAMENTO E MORTE

Leandro foi internado pela primeira vez na UPA no dia 28 de junho, segundo a namorada, Talita Fernandes. “Levei ele para a UPA da San Martin e ele fugiu do hospital e veio parar em casa. Conversei com ele no domingo [28]. Ele me falou que os enfermeiros iriam matá-lo. Levei ele na cadeira de rodas, pois ele não queria entrar sozinho. Fizeram o teste e disseram que ele estava com o Covid-19”, contou ela no último dia 2.

Depois de fugir da UPA, o jovem foi levado para o Hospital de Campanha na segunda-feira (30/6). Um vídeo obtido pela reportagem do Aratu On mostra Azevedo sendo transferido dentro de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Na madrugada do dia seguinte ele disse, pelo WhatsApp, que os médicos iriam desligar os aparelhos que o mantinham vivo.

A ASM se defende. Diz que, diante de alterações nos níveis de oxigenação e pressão arterial, é comum o paciente ter o seu nível de consciência afetado, assim como confusão mental e desorientação. Segundo a empresa, ele apresentou piora rápida e importante do quadro clínico, principalmente respiratório, culminando com a necessidade de intubação orotraqueal em caráter de urgência.

JUSTIÇA

A família deve requerer, na Justiça, respostas sobre o caso. De acordo com Marcos Azevedo, um advogado já está reunindo toda a documentação, inclusive o próprio teste realizado na Unidade de Pronto Atendimento da San Martin, para um possível processo. Por conta disso, os familiares pediram para que os detalhes do exame realizado no jovem ainda não fossem divulgados.