Cientistas brasileiros avançam no desenvolvimento do primeiro soro contra a picada da abelha “@ss@ssina”, oficialmente conhecida como abelha africanizada (Apis mellifera). Por ano, o país registra cerca de 20 mil acidentes com este tipo de abelha, sendo que pelo menos 50 evoluem para o óbito do paciente.

Qual a diferença entre soro e vacina?

Como é retirado o veneno das serpentes para o soro antiofídico?

A iniciativa que deve possibilitar o primeiro soro contra as múltiplas picadas da abelha @ss@ssina envolve diferentes centros de pesquisa nacionais, como o Instituto Butantan, a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Botucatu e Instituto Vital Brazil. Quando os estudos forem concluídos, o medicamento deve ser distribuído gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), como já ocorre com o soro antiofídico (para conter o veneno de serpentes).

Por enquanto, dados da primeira e da segunda fase dos estudos clínicos foram publicados na revista científica Frontiers in Immunology. Nos testes, nenhum evento adverso foi identificado e todos os pacientes medicados tiveram melhora no quadro. Agora, os cientistas se preparam para iniciar a terceira e última fase de testes ainda neste ano.

Por que as abelhas recebem o nome de @ss@ssinas?

Vale explicar que as abelhas @ss@ssinas são uma criação do processo de “domesticação” do inseto pelo homem, no qual a abelha-africana (Apis mellifera scutellata) foi cruzada com a espécie europeia A. mellifera ligustica. A junção das duas espécies resultou em uma abelha adaptada ao clima tropical, perfeita para a produção de mel. No entanto, a nova espécie apresenta um comportamento defensivo mais acentuado (“agressividade”), além de formar enxames com maior facilidade, ter alta produtividade e resistir a inúmeras doenças.

Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 100 mil ataques foram registrados no Brasil, durante os últimos cinco anos. Homens de 20 a 64 anos estão entre aqueles mais picados pelo inseto, sendo que as mortes são mais comuns naqueles com 40 anos ou mais. A maior incidência é relatada no Sul e no Nordeste, mas as taxas de letalidade são mais altas no Centro-Oeste e no Norte. Isso porque o acesso ao atendimento médico é mais difícil.

Quem vai receber o soro contra a abelha ?

A proposta do potencial soro é que ele seja aplicado em pessoas que levaram múltiplas picadas de abelha e estão com altas concentrações de veneno no corpo. Embora pessoas com grave alergia possam morrer após uma única picada da abelha assassina, o tratamento tradicional, envolvendo anti-histamínicos e anti-inflamatórios, segue eficaz. O risco maior ocorre quando a pessoa é picada inúmeras vezes por um enxame e, hoje, ainda não há nenhuma terapia específica.

“O principal alvo do veneno da abelha é o rim. O paciente pode ter falência renal e morrer”, explica Daniel Pimenta, do Laboratório de Bioquímica do Butantan, em comunicado. Além disso, as toxinas podem causar hemorragias, queda de pressão, tontura, náuseas e taquicardia. “O soro antiapílico age neutralizando o veneno”, completa, o que poderá salvar inúmeras vidas.

Fonte: Instituto Butantan e Frontiers in Immunology