Você teria coragem de jogar uma nota de R$ 100 no lixo? Isso mesmo, amassar bem amassadinha e jogar na lata de lixo? Não, certo? Mas talvez você faça isso cotidianamente e nem se dê conta.

Quando jogamos moedas fora propositadamente, é certo atraí dificuldades financeiras, mais nem sempre é intencionalmente.

Quando vamos a uma loja não temos muito o hábito de pedir desconto, porque somos sempre abordados com a tentadora oferta dos dez vezes sem juros. Diante de uma oferta como essa, em que as parcelas cabem no bolso, o ímpeto é de comprar um pouco a mais (já que) e nem questionar se temos a chance de pagar menos por aquilo que estamos loucos para levar para casa.

Na hora de investir repetimos o erro. Só que dessa vez achamos que a rentabilidade dos nossos investimentos é tão baixa que não justifica esperar tanto tempo para ganhar tão pouco.

Porém, essa atitude nos leva a gastar mais do que podemos e a investir menos do que precisamos. No final, por não termos pechinchado e não termos investido nada, a chance de termos jogado muito mais do que R$ 100 na lata de lixo em um curto espaço de tempo, é enorme.

Um experimento que sempre sugiro é que coloquem R$ 100 na carteira em notas de R$ 10 na segunda-feira. Com grandes chances de acerto, aposto que o dinheiro não vai durar até a sexta-feira. Na semana seguinte sugiro que repitam o exercício, só que dessa vez coloquem os mesmos R$ 100 na carteira, só que em uma única nota. Também com larga margem de acerto, asseguro que na segunda-feira seguinte periga que seu suado dinheiro esteja exatamente no mesmo lugar.

Isso acontece por não valorizarmos os pequenos valores. Tendemos a achar que as pequenas quantias não valem o esforço de se conquistar ou de se poupar. Que tal esforço apenas se justifica se estivermos falando de algo que realmente valha a pena. Contudo, é com o primeiro real que se chega ao primeiro milhão, portanto, qualquer real precisa valer a pena, e esse exercício evidencia o que não paramos muito para pensar.

Essa reflexão é ainda mais válida na semana em que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a taxa básica da economia para o patamar histórico de 6% ao ano, e que a previsão da inflação é de 3,8%* também no ano. Teremos que valorizar muito mais cada centavo, seja na hora de gastar ou de investir.

Então atenção aos detalhes – e aos centavos. Se gastar muitas vezes é inevitável, pechinchar passa a ser imprescindível. Conseguir 5% de desconto em uma compra que poderia ser parcelada em 3 vezes, significa que você está tendo um belo de um desconto, pois ele equivale basicamente a taxa de juros de um ano em um investimento. Mesmo que seja apenas dez reais a mais no bolso, tá valendo! Afinal, você não teria mesmo coragem de jogar dinheiro no lixo, teria?