Como bem entoou o cantor Xande de Pilares ao subir no trio do bloco ‘Alerta Geral’, ‘É que o samba chegou agora!’. Esse parecia ser um aviso a quem vinha na frente, já que foi o momento em que o circuito Osmar, no Campo Grande, encheu de verdade, como se o samba lhe dissesse: ‘Eu te quero só pra mim, como as ondas são do mar’.

Lá embaixo, o tradicional chapéu de sambista e o copo de cerveja na mão — algo quase que uniformizado — até pareciam uma reverência a Zeca Pagodinho, que nem sequer estava presente.

Quem decidiu acompanhar o bloco, como fez José Carlos, de 40 anos, nem de longe, se arrependeu. ‘Foi uma escolha de primeira. O samba ergue o Carnaval”, afirmou, convicto, o folião. “Esse bloco tem seis anos e já é um dos maiores.”

Acompanhando o ‘Alerta Geral’ há cinco Carnavais, o servidor público Moisés dos Santos, 56, sustenta a afirmação de José Carlos. “Você pode esperar todos [os blocos] passarem e vai ver que é verdade”, confirmou.

E, para resistir à terra do axé — que já divide as atenções com o pagode baiano e o arrocha —, é preciso ter uma tradição forte. Tradição essa que é sustentada por foliões mais velhos. “Se você olhar ao redor, vê quem não tem menino novo aí; só velha guarda”, brincou Moisés, que estava acompanhado de sua esposa, Josenita Oliveira, 55.

Chamava a atenção, também, a tranquilidade que reinava dentro e fora das cordas, o que para a dona de casa Raquel de Jesus, 53, faz a diferença. “É bom quando reúne todo mundo, bonitinho, organizado e sem zoada de nada. E aí, mal sermão, o couro ‘come’ no samba”, disse ela, às gargalhadas.

Jornal Correio da Bahia